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Ceratocone
O ceratocone é uma distrofia caracterizada pelo afinamento, protrusão e aumento da curvatura da córnea de forma espontânea, que perde sua forma tipicamente arredondada para adquirir uma forma de cone. Esta doença geralmente inicia-se na adolescência ou adultos jovens e é uma doença quase sempre bilateral, mas assimétrica. Atopia e ceratoconjuntivite alérgica são frequentemente associadas ao ceratocone. A ação de esfregar/coçar os olhos é talvez a única ação comprovadamente associada com a piora do ceratocone e, portanto, deve ser evitada.
Estudos mostram uma prevalência de aproximadamente um portador de ceratocone para cada 2.000 habitantes. Em um estado como o Rio Grande do Sul, que possui uma população de 11 milhões de habitantes, baseada na prevalência descrita mundialmente, estima-se que existam 5.500 portadores de ceratocone no estado, destes em torno de 25% irão necessitar de algum procedimento cirúrgico (cross-linking, anel intra-estromal ou transplante de córnea). O tratamento inicial é feito com uso de óculos para os casos leves, passando para o uso de lentes de contato rígidas em casos moderados.

Distrofias Corneanas
A idade de aparecimento varia entre a primeira e quarta década. Avanços recentes em genética molecular tem identificado os defeitos genéticos responsáveis pela maior parte das distrofias. Elas são classificadas de acordo com a camada da córnea afetada, como epitelial, camada de bowman, estromal e endotelial. O tratamento se baseia de acordo com as erosões recorrentes, para as distrofias superficiais que afetam a acuidade visual pode ser feito ceratectomia fototerapêutica com excimer laser, e em casos avançados podendo ser necessário transplante de córnea para o restabelecimento visual.

Úlcera de Córnea
A úlcera de córnea é uma condição que requer diagnóstico e tratamento precoce pois dependendo do agente causador pode se tornar uma grave infecção com potencial de perda visual permanente. Os principais agentes causadores são bactérias, fungos, vírus como o herpes, e protozoários como a Acantamoeba. A apresentação clínica pode ser abrupta ou insidiosa dependendo da virulência do agente infeccioso, com sintomas de sensação de corpo estranho, olho vermelho, dor, fotofobia, e visão embaçada. A progressão da infecção bacteriana costuma ser mais agressiva que a infecção fúngica. O fator de risco mais comum para o desenvolvimento de infecção bacteriana é o uso prolongado de lentes de contato. Corticóides tópicos aumentam a replicação dos fungos e facilitam a invasão da córnea e devem ser evitados no momento do diagnóstico. O diagnóstico é clínico, deve-se realizar a coleta de material para possível identificação do agente nos casos graves. O tratamento vai ser feito de acordo com a etiologia, seja por antibióticos, antivirais ou anti-fúngicos. Nos casos graves não responsivos à terapia clínica máxima ou nos casos de perfuração ocular pode ser necessário uso de cola terapêutica ou mesmo transplante de córnea de urgência.

Síndrome do Olho Seco
A Doença do Olho Seco ou Síndrome do Olho Seco, é uma desordem do filme lacrimal causada pela deficiência lacrimal ou evaporação excessiva que resulta em dano da superfície ocular interpalpebral e está associada com sintomas de desconforto. Características clínicas desta doença incluem instabilidade do filme lacrimal, inflamação ocular e epiteliopatia. Os sintomas do ressecamento ocular variam conforme os pacientes. As queixas mais freqüentes são de vermelhidão, lacrimejamento, irritação ocular, queimação, visão turva, flutuação da visão, sensação de corpo estranho e dor. Estes sintomas podem causar dificuldade nas atividades diárias dos pacientes e, conseqüentemente, diminuição da qualidade de vida.O diagnóstico de olho seco deve ser realizado através de uma história clínica detalhada e exame oftalmológico que deve incluir acuidade visual, exame externo e biomicroscopia em lâmpada de fenda. A qualidade de vida dos pacientes pode ser avaliada pelo questionário OSDI (Ocular Surface Disease Index) em que os mesmos quantificam seus próprios sintomas, assim como avaliam a evolução destes. Existe uma série de testes diagnósticos disponíveis, porém nenhum com alta especificidade. Dosagem de osmolaridade do filme lacrimal, lisozima lacrimal e lactoferrina lacrimal, assim como e a citologia de impressão conjuntival são testes que ajudam determinar o diagnóstico, porém raramente utilizados na prática médica. O oftalmologista geralmente se baseia na história do paciente associado com teste de Schirmer, tempo de quebra lacrimal, teste de coloração da superfície ocular (fluoresceína sódica, rosa bengala e lissamina verde), clareamento lacrimal da fluoresceína, medida da altura do menisco lacrimal e presença ou ausência de debris no filme lacrimal. Entre estes métodos citados, o teste de Schirmer, apesar de sua baixa especificidade, permanece como o mais empregado para o diagnóstico clínico. Exames laboratoriais e avaliação clínica para doenças auto-imunes devem ser realizados em pacientes com olho seco grave, outros sintomas de doenças auto-imunes ou história familiar de doença auto-imune.
Para a grande maioria dos pacientes, o tratamento convencional é suficiente para a resolução dos sinais e sintomas de olho seco. Entretanto, uma pequena parcela desses pacientes apresenta sintomas persistentes, o que representa uma doença da superfície ocular mais severa. Entre as opções de tratamento convencional pode-se citar o suplemento intensivo de lágrima artificial, a oclusão de pontos lacrimais, lentes de contato terapêuticas, tratamento adequado da doença de anexos, óculos de proteção, corticoesteróides ou ciclosporina A tópicos, tarsorrafia e plug no ducto lacrimal.